Empresas monitoram vacinação de Covid-19 de funcionários, mas ainda não sabem se vão exigir imunização

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Companhias controlam dados dos empregados por meio de pesquisas, de apresentação de atestado ou por vacinômetro

RIO – Com o avanço da vacinação contra Covid-19, empresas controlam a imunização dos funcionários e tentam definir como agir se houver recusa sistemática de se proteger do vírus.

O controle passa por aviso aos empregados, individualmente, da data da vacinação e da segunda dose, de pesquisas entre funcionários cartão de imunização, mas sem imposição explícita.

A Ocyan, empresa de óleo e gás que emprega 2 mil pessoas, acompanha a vacinação por idade e entra em contato com aqueles que não enviam o comprovante para entender o motivo.

Segundo a empresa, aqueles que não se vacinaram estão sendo orientados a fazê-lo e se a negativa permanecer, poderão receber punições e até serem demitidos.

A indústria de brinquedos, que emprega 35 mil pessoas, controla com rigor a vacinação dos operários.

Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, o setor de Recursos Humanos das empresas acompanha o calendário de vacinação e avisa aos funcionários da data prevista. Mas não haverá demissão:

— Não dá para dizer: ou você vacina ou te demito. Na marra, não vai. Cada RH controla a semana que tem vacina, avisando que tem que vacinar e pede o atestado. Na segunda dose, o RH informa de novo e pede que traga o atestado.

Ação de convencimento

Segundo Costa, houve 56 casos de recusa inicial, mas uma operação de convencimento, com os médicos das empresas e os próprios colegas, reverteu a situação. Segundo ele, há muita desconhecimento sobre a vacina:

—Em último caso, se o funcionário não concordar mesmo, vamos mudar a posição dele na esteira, para ficar mais longe dos colegas ou num horário sogra, a esposa, para ajudar a convencer o funcionário.

A advogada trabalhista Juliana Bracks lembra que há duas decisões judiciais que confirmaram a demissão por justa causa (sem direito à indenização) de uma funcionária de hospital que recusou a vacina, mas há comportamentos variados nas empresas.

Há os que entendem que interesse coletivo se sobrepõe ao individual e que a justa causa se aplica.

Assim como o Google nos EUA condicionou a volta ao trabalho presencial à apresentação do atestado de vacinação, no Brasil, os 1.300 funcionários da gigante de tecnologia que estão em home office em São Paulo e Belo Horizonte, também precisarão estar vacinados para voltar.

Essa política começará nos EUA nas próximas semanas e será estendida a outras regiões nos próximos meses. A empresa diz que só fará a exigência quando as vacinas estiverem disponíveis para todos.

O Facebook no Brasil disse que ainda não definiu se vai seguir as decisões da matriz, que exigirá vacina dos seus funcionários nos EUA.

O Mercado Livre também acompanha o avanço da vacinação entre os funcionários. Usa um formulário digital, no qual pode informar, se quiser,

Trata-se de controle voluntário, como faz a Funcional Health Tech,empresa de gestão de serviços de saúde, com 525 empregados, que pôs boa parte dos funcionários, 450, em home office:

—Exigir vacina é uma questão bastante delicada. Na minha visão, a vacinação é um ato coletivo, mas há questões pessoais — diz Bruna Mostacatto, diretora de Gente&Gestão.

Na GSK Consumer Healthcare, os empregados devem informar ao RH se já se vacinaram, mas a decisão é pessoal, não há imposição, assim como a de tomar a vacina.

Na companhia, que fica na Barra, o modelo híbrido será obrigatório, com a ida ao escritório dois ou três dias na semana quando todos puderem ir, pois desde março o escritório está aberto só a quem pode ir de carro.

Como o setor foi considerado essencial, os trabalhadores foram incluídos em grupos prioritários em alguns estados:

— Recomendamos que as empresas cobrem a vacinação, já que se trata de proteção da coletividade. Nota técnica do Ministério Público do Trabalho diz que pode haver eventual justa causa, se o trabalhador, após orientado, se recusar a tomar a vacina. Mas é uma medida bastante controversa.

A Unimed-Rio decidiu não exigir a vacina dos funcionários. O Departamento Jurídico entendeu que ainda não há decisões judiciais suficientes que permitam esse tipo de ação, mas está dando prioridade aos vacinados para a volta ao escritório que reabriu.

No primeiro momento, são 220 de volta, e a exigência é que não sejam do grupo de risco ou tenham parentes nessas condições, preferindo voluntários.

Na Prumo, que controla o Porto do Açu, gestores pedem que o atestado seja enviado, mas o funcionário decide:

— É um controle sutil, tentando entender se há alguma reação. Não é obrigatório. Mas a adesão tem sido total — diz Angela Serpa. diretora de RH.

Na volta ao trabalho presencial em setembro, a Supergasbras ainda não chegou a uma decisão definitiva sobre a exigência de vacina. A empresa pede aos profissionais que informem a data de vacinação, mas é uma atitude voluntária.

O que as empresas estão fazendo

A mineradora decidiu manter o trabalho remoto parcial. Transformou escritórios em hubs com estações reservadas por um app, mas não tem posição sobre exigência de vacina. Na sede, no Rio, 15 andares foram reduzidos a sete.

Petrobras

A estatal incentiva e pede declaração de vacina dos empregados em seu sistema de saúde ocupacional enquanto altera layout dos escritórios para volta em sistema híbrido, mas não informou se exigirá comprovantes.

Unimed Rio

A operadora de saúde pede comprovantes de vacina aos empregados e dá preferência na volta ao escritório a quem já tomou, mas não impõe obrigatoriedade por não ver base jurídica para punir eventuais resistentes à imunização.

FONTE: O Globo

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